domingo, 31 de março de 2013


Foi aquele capricho de chamar de amor sua aparição, mesmo distante, míope e sem saber sequer seu nome, que me levou pro seu lado dias depois. Então entendi que não é verdade que aquilo que a gente procura só chega quando menos se espera. Eu te encontrei no dia em que saí de casa sedenta por algo pra chamar de felicidade, passei a noite te observando e por você sendo observada e o que teria acabado aí recomeçou porque, teimosa, eu não desisti de te encontrar nessa vida mais uma vez. E assim, dividimos mar, cama e sonhos. Entre olhares, sorrisos e incredulidade que, depois de dez horas grudados, a gente não se dava ao trabalho de disfarçar. Você ali, que parecia mais intrigante a cada vez que eu abria os olhos, era verdade mesmo. Assim te imaginei e assim você me apareceu. E me olhou, me sorriu e me beijou; e se demorou deliciosamente nesses três impulsos, como se cada um deles fosse o último, como quem está exatamente onde gostaria. E eu fui feliz. Mesmo sem garantia de que isso não seria só um relato no diário no dia seguinte, um desejo, uma quase necessidade de contar pros meus papéis que o amor existe sim, ainda que só dure dez horas. E sigo multiplicando esses dez por dez, pra dar tempo de suspirar por outras tardes degradês e outras noites de lua cheia iguaizinhas àquela, pra dar tempo de lembrar como é não estar tão só...
Pra dar tempo de, em segredo, esperar você voltar.

“Daria pra pintar todo o azul do céu, dava pra encher o universo da vida que eu quis pra mim. Quando eu mergulhei fundo nesse olhar, fui dono do mar azul, de todo azul do mar. Foi assim, como ver o mar. Foi a primeira vez que eu vi o mar. Daria pra beber todo o azul do mar.”