quarta-feira, 28 de agosto de 2013

O som do silêncio
A imagem do nada
O gosto do insípido
O mal do inócuo
Por entre as linhas
Por entre os dedos
Entre os cabelos
Por entre os medos
Por entre as minhas
Entranhas
Estranhas

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Hoje é um novo dia,
mas eu ainda lembro.
É um novo dia,
mas ontem não passou ainda.
Hoje é um novo dia,
mas a dor parece a mesma.
É um novo dia,
mas o sol não me convida.

domingo, 25 de agosto de 2013

Sinto diferente, mas não desprezo o que você sente
E sinto essa culpa de estar sendo eu mesma agora
E entender você ao invés de ir embora
De pedir por calma, pra você me ouvir
Pra não me ofender, pra não me ferir
Eu perco essa guerra, eu baixo a cabeça
Eu digo: "perdão", e você: "esqueça"
Eu peço desculpa, eu nem tenho culpa
Mas ao menos a dor me faz querer falar
Mesmo que agora eu não possa me abrir
Ao menos a dor me faz querer gritar
Ainda que seja melhor fugir
É que agora eu não quero culpar ninguém
Não vou procurar nisso solução
Sei que você só quer o meu bem
A única pena é achar que eu não

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Mais um sobre não abrir o guarda-chuva

Mais sozinha do que nunca, mais forte do que antes. Hoje sorri pra minha própria ausência. A sua, perto dela, que seria? É assim que vem a chuva hoje, graciosa, apagar meu fogo. E me pego cantando que "só o que pode acontecer é os pingo da chuva me molhar". Ah, a música... Essa não tem água que lave, não tem chuva que leve. É bom gostar da chuva, parece que a gente invoca que chova mais forte quando está em paz com a natureza, com a magia que ela propõe pra nós e, assim, nos inunda cada vez mais intensa. Como o silêncio, que independe do estardalhaço urbano. Pessoas, ônibus, lojas... Nada tão paralisador quanto a chuva — só não para quem dança (há quem faça da vida, música). E hoje, nem ácido, nem doce, nem fogo. A chuva lava minha cara, me prepara pra enfrentar o dia, mesmo eu tendo relutado pra acordar, achado que era pura obrigação. Ir ao dentista não foi o motivo pelo qual acordei. Acordei pra ver as árvores dançando, o vento cantando, a chuva me encharcando de vida. Estou viva, lembrando de dias não tão distantes, refazendo o percurso do que vivi sem saber que vivia. O som psicodélico se misturava com as risadas, com as imagens em câmera lenta, os olhares, ruídos, cores. Vibrantes, marcantes, distantes. Rimas fáceis, descrição minuciosa do indescritível. Ao menos pra mim, que não encontro palavra certa pra descrever o incerto, as sensações. Poderia passar o dia inteiro falando: ao término, nada teria sido dito. Palavras são tão ilimitadas quanto limitadoras. Nada define o que passou. Mas passou.Voltei (quase) ilesa. A gente nunca sabe bem o que pode acontecer quando a alma sai pra passear. E enquanto não estava entre vocês, compreendo que tenha sido difícil entender por que eu não tinha nada a dizer. Agora digo tudo, falo sozinha e com quem mais quiser saber, estou mais próxima do terreno, fui forçada a isso, mas trago lições sobre esse mundo daqui. Não posso me desligar dele por completo: Há troncos e jacarés num mesmo rio.

Mas que foi bom rir daquelas caras pintadas, ah, isso foi. Palhaços são nossa própria caricatura. Sinto saudades de quando eu achava que perder a chave de casa não era nada perto de achar a do universo.