é verdade que as palavras tem poder,
mas, acredite: o silêncio tem mais.
consegui o que queria sem verbalizar
consegui o que queria
e o que ganhei com isso?
ganhei a lição:
eu não preciso de tudo que quero
é bom lembrar disso, na próxima obsessão
querer é poder
"toda forma de poder é uma forma de morrer por nada..."
deve ser
vai saber
gratidão!
quinta-feira, 26 de novembro de 2015
segunda-feira, 2 de novembro de 2015
Eu lhe pedi o tiro de misericórdia. Mas você é romântico. À moda antiga. Ama como Romeu e Julieta e provavelmente prefere a versão original. Sem nunca ter visto. Então você, delicadamente, me ofereceu um punhal. Carinhosamente, me virou as costas. Sugeriu que eu fizesse o mesmo. Ao menos, foi o que entendi das suas últimas palavras mudas: “Se vira.” Essas palavras passeiam agora em minha boca, de um lado para o outro, sem coragem de descer goela abaixo. Temo a ânsia de vômito que me causa engolir sapos. É irônico que um grande amor seja tudo enquanto dois. Seja Deus, família, seja lar e horizonte. Mas na hora de pedir a conta, e eu havia me esquecido que essa hora chegava, nem a mais sacra das promessas dos olhares, nem tambores, oferendas, nem altares. Nada. Você se tornou um desconhecido. Fez as malas, foi embora e – o mais importante: não me quer. Estar convencida disso torna mais suave o fluxo dos desacontecimentos. Sim, já estou quase aceitando: Fomos. Tudo bem. Mas não assimilo. Por isso escrevo. E me parece banal escrever, é como tentar resgatar o que aconteceu, como se você por acaso não tivesse visto o raio roxo do céu que nos abençoou, "não pode ter esquecido!", é quase uma cobrança, um pedido de clemência. O que quer que seja... É baixo. Nunca precisaríamos chegar aqui enquanto tínhamos Deus como aliado. Não que ele tenha ido embora. É claro que andará de mãos dadas com você e comigo para sempre, só que em caminhos diferentes. Não, nosso fim não me torna cética. Nossa humanidade não me torna cética. Eu só estou indignada e doente. Doente sem razão: Ela é toda sua. Indignada sem porquê: É minha a emoção. E eu faço o quê comigo? Mas que pergunta pobre, até parece que você tem algo a ver com isso. Será? Até ontem você tinha. "Reunir os cacos e tocar pra frente." O mais insuportável dos clichês. E não sou tão ingênua a ponto de achar que minha vida acabou ou que você será pra sempre meu grande amor. Nem é medo da saudade o que me inquieta – conheço bem a força esquizofrênica da ausência. Nada disso me amedronta. Não temo pelo amanhã: repudio o hoje. Não temo o que sinto, meu medo é que sejamos reduzidos a muito menos do que merecíamos.
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