quarta-feira, 15 de agosto de 2012


Hoje não. Estamos cansados, não vamos à luta. Sob efeito da droga ou da tristeza, você chora, eu choro, nos vemos morrer e não ouvimos qualquer ruído que indique que não é isso o que queremos. Por fim, perdemos os motivos, vencemos a urgência e o curioso é que na nossa circunstância, como nessa frase, perder e vencer dão no mesmo. E é hora de ir embora do templo que tão bem conhece as confissões de cada lágrima, a exclamação de cada frase que nunca terminamos, a força dos anseios surpreendidos pela luz sorrateira que só precisava de um movimento pra nos conduzir bruscamente ao fundo dos nossos olhos. Aqui nos adoramos e aqui morremos, sem distinguir corpo e alma. Então vai. Eu fico. Observo sua ausência devolver pouco a pouco a frieza do chão. De repente, sem precisar me mexer, estou em um lugar sombrio, esquecida entre as piores ideias, cultuando o vazio. E é irônico lembrar que enquanto você esteve aqui, desejamos apenas ser esquecidos para sempre. "Para sempre"... Você, que me chamou de forte, sabe quantas vezes bebi deste analgésico? Mas hoje não. Hoje eu preciso que alguém sinta minha falta. Hoje eu espero que alguém me encontre deitada aqui.

domingo, 5 de agosto de 2012


Casualidade. Só hoje, a dois dias do meu aniversário de dezenove anos, tive um encontro com esse deus. Por acaso nascemos. Por acaso nos apaixonamos. Por acaso perdemos quem amamos. E interpretamos tão equivocadamente o ciclo natural da vida. As coisas não são feitas para durarem. “Até pra morrer você tem que existir”, repeti, há alguns dias. Mas pra existir, há que morrer também. Vida e morte caminham de mãos dadas o tempo inteiro. O amor é vão, mas a dor é também. E amor e dor caminham de mãos dadas o tempo inteiro. Você me traiu... Mas eu te traí também. E a gente segue. Juntos, mas não de mãos dadas, até que o acaso nos separe.

E a vida segue.