Como quem não quer nada, puxou papo comigo uma tristeza bem
grande, dessas com ar de saudade e uma certa indignação. Receosa do estrago,
tratei de ser forte e ignorá-la: Fiz uma lista das músicas mais dançantes que
pude lembrar e fui estudar, fingindo não ouvir a dor tagarela. Música após
música e aquela disputa foi me roubando as forças. Gastei todas as energias na
besteira de brigar com a dor quando então desliguei o som. Agora, ela gritava.
Sem o subterfúgio da música, fechei os olhos o máximo que pude, aceitando não
poder detê-la. Por que a gente tenta tirar o caráter próprio da dor,
transformando-a em cansaço e mau humor? O que há de vergonhoso em estar triste?
Eu estou triste. Eu amo você. Difícil, porém simples. Não vou trocar minha dor
por um entorpecente qualquer. Não vou substituir seus olhos por quaisquer
outros. Não posso viver fugindo, porque se esbarro comigo numa esquina, vou
querer me desculpar. Vou olhar a tristeza nos olhos. Talvez os dela, e somente
os dela, consigam ser mais azuis que os seus.
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