Eu, enquanto punha à prova minha resistência e conversava com meu medo da irrealização, encontrei um novo vício. Estava atrasada. Atrasada pro futuro, pro passado e pro hoje. Pra esse último, não houve uma só vez em que tenha chegado a tempo. Corro atrás do vento no meio de um tiroteio, cega por opção. Eis que me atinge uma senhora. Ela jura que foi sem querer e eu juro que acredito. Atira em mim, sorri e se apresenta. Eu já a conhecia dos meus sonhos. Seu nome é Dalila. "Que olhos tão azuis, esses que não enxergam"... Foi tudo que a ouvi dizer. E ali, caída no chão, eu respirei aliviada: os gritos de quem corria de um lado para o outro pareciam cada vez mais distantes. As buzinas e disparos também. A verdade é que eu procurei essa mulher por alguns dias e ela veio até mim no meio dessa festa ao avesso como se soubesse disso. Mas ela não sabia. Ela, a culpada por atirar em mim, sabia menos do que eu o quanto eu precisava cair naquele chão e sentir gosto de sangue. A sensação é maravilhosa, mas é tudo tão rápido que você mal consegue descrever. Só lembra que sai de si e, saindo, perde a responsabilidade de ser quem é. Você vira nada. E nada é tudo.
O problema é quando as horas passam e as respostas vêm tarde demais. Você percebe que apressou a morte simplesmente porque tinha medo dela. E desperdiçou a vida procurando fora o que já tinha dentro... desde o dia em que chorou pela primeira vez.
domingo, 23 de junho de 2013
sexta-feira, 21 de junho de 2013
Para o meu professor particular de crueldade.
Pensei que houvesse um pouco de alma em toda sua farsa, um pouco de verdade em todas as mentiras, mas você é velho demais pra acreditar no amor.... E eu era nova demais pra desacreditar. Hoje eu sei que perdi o jogo pra mim mesma. Você pode chorar como se fosse verdade, se declarar como se fosse poeta. Pode fazer tudo de novo, com aquela honestidade no olhar que eu nunca flagrei se desviando do meu. Pode escrever meu nome no mesmo lugar em que resta uma cicatriz se apagando pela força do tempo, esse que você subestimou, que julgou tão menor que sua "grandeza" (trilha de risada). E eu posso escrever sobre como você ensinou a uma criança que o amor não existe ao mesmo tempo em que pichava os muros da cidade clamando por ele e desenhando corações, posso falar que não adianta não comer os animais se você come suas mil mulheres como se precisasse se vingar de quem nunca te fez mal, posso, enfim, te dizer que se você morresse hoje eu não sentiria tristeza alguma. Eu posso cuspir todas essas verdades na sua cara e isso não mudará nada: seu cinismo se desmancha em lágrimas e continua intacto, como a cauda de uma lagartixa que sempre se regenera, enquanto a palavra amor pra mim não passará nunca mais de retórica vazia.
quinta-feira, 13 de junho de 2013
o nervo de um exposto pro outro
teu olho insiste em molhar o meu
você tateia meu corpo no escuro
e a gente esquece o que prometeu
eu quero lamber as suas feridas
até a saliva pingar no chão
do pó que restou das histórias compridas
vou delinear um coração
aí você sopra, põe tudo a perder
teu jeito impulsivo me tira a razão
e a gente desliga a tv pra ver
cair o amor de grão em grão
teu olho insiste em molhar o meu
você tateia meu corpo no escuro
e a gente esquece o que prometeu
eu quero lamber as suas feridas
até a saliva pingar no chão
do pó que restou das histórias compridas
vou delinear um coração
aí você sopra, põe tudo a perder
teu jeito impulsivo me tira a razão
e a gente desliga a tv pra ver
cair o amor de grão em grão
sexta-feira, 7 de junho de 2013
A sua vida parece um filme. Um filme de drama que não sai da minha cabeça. Um quebra-cabeça infinito que eu sempre vou querer montar, estática como quando você ficou ao ver aqueles pedaços de papel no seu quarto. (Isso que eu disse agora foi só pro destinatário se reconhecer aqui)
Sua vida parece um filme denso. E eu só quis fazer parte dele pra, mesmo que longe de ti, te convencer, nem que fosse por um texto bobo como esses, que é possível voltar à essência.
Não me faça desacreditar. Acredite comigo que é possível voltar à essência.
Sua vida parece um filme denso. E eu só quis fazer parte dele pra, mesmo que longe de ti, te convencer, nem que fosse por um texto bobo como esses, que é possível voltar à essência.
Não me faça desacreditar. Acredite comigo que é possível voltar à essência.
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