Arrepia. Nossas crianças morrendo em câmera lenta.
Mas da janela, eu vejo a cena crua, em tempo real e sem maquiagem.
Mostre-a de um ângulo ainda mais ácido.
Misture tragédia com sarcasmo.
E traga as telas o que acontece lá no morro.
Porque talvez eu não me arrisque a entrar lá nem por um entorpecente que me faça esquecer os monstros.
Pois nem mesmo os malditos monstros se arriscam a chegar perto do perigo.
Do caos que eles criam enquanto você dorme.
E enquanto você vacila o sistema fica mais nervoso.
Traga às suas lentes a imagem lá de baixo.
Porque chegamos a um ponto da nossa miopia em que até o muito perto parece muito distante.
O inferno, a grota, o sangue me lembra que estávamos vivos.
Antes daquele disparo, de toda essa disparidade.
O assassino não suja as mãos de sangue.
Escolhe qualquer vítima pra estampar os jornais.
A chamam de assassina, desviam a culpa do monstro disfarçado de gente
Que tem como armas, palavras, e um rosto sorridente.
Está naquilo que você não vê porque você não saber ler.
Você sabe, no máximo, juntar as palavras.