segunda-feira, 13 de maio de 2013

Passo pelo parquinho que foi tantas vezes cenário dos meus sonhos, o parquinho dos nossos planos frustrados, onde eu te esperaria para, a partir daí, seguirmos juntos. O parque era a única certeza: o ponto de encontro. Seria muita pretensão da gente querer prever o depois. Um filme do Godard ou um mousse de maracujá? De repente, não sei por que, nos imaginei dançando essa música dos Smiths: a quarta do primeiro CD. As rimas que descrevem nosso quase caso são tão acidentais quanto ele mesmo. Tão acidentadas quanto as notas da canção que nos convida para a dança. Como o erro de grafia no letreiro do brinquedo: "alto pista". Poderíamos ter rido disso. Sequer nos encontramos. E hoje, não sei se passo pelo parque ou se é ele que passa por mim. Nesse curto intervalo, ouço o alarme do brinquedo cujo título está errado disparar. O tempo acabou. As crianças descem de seus carrinhos a contragosto. É assim que me sinto. "E se por acaso a gente se esbarrasse justamente aqui?" Insisto nessa fantasia, desacelerando os passos pra dar tempo de você aparecer. Podíamos ir a museus; turistas, em nossa própria cidade. Podíamos ir a motéis; turistas, em nossa própria liberdade. Poderíamos desbravar todos os mundos, samba na lapa, coco de roda, andar de bicicleta em Amsterdã. Um show do Milton, dessa vez comigo. E nada mais de lágrimas, mas sorrisos coloridos. "Quem sabe isso quer dizer amor?" Quem? Poderíamos somente nos ver também. Acenar educadamente, talvez seguir, separados, sem perder tempo com essa trabalheira toda de ser feliz. Seria muita pretensão da gente querer prever o depois.

http://www.youtube.com/watch?v=j68Mxg2ux78

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